sábado, 11 de agosto de 2012

Passagem: Cristiana Seixas

Já passava de duas horas da manhã. Acabara de ler o livro. Estava arrebatada, assustada, sem chão.  As palavras ainda não tinham sido inteiramente absorvidas, processadas, mas algo já parecia fazer efeito causando uma espécie de tonteira, vertigem. O coração batia forte como se antevisse o risco. Teve medo.  Sentia-se muito só, apesar do marido e do filho estarem dormindo no cômodo ao lado. O silêncio da madrugada só intensificou seu desconforto.  Na sua inquietude, buscou algo que há muito tempo não trazia à vida.  Ainda não sabia o que pensar, o que dizer, o que fazer, mas precisava de um canal de expressão. Aquele nó na gartanta precisava sair, do contrário ela sufocaria. 

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